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Eros: Pluralidade, sexo e uma estrutura didática.

  • Foto do escritor: Daniel Victor
    Daniel Victor
  • 11 de jun.
  • 3 min de leitura

Eros (2024) de Rachel Daisy Ellis


Por: Daniel Victor.

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Eros, primeiro longa da cineasta Rachel Daisy Ellis, nasce de uma inquietação muito interessante. Depois de um encontro mal sucedido em um motel, a realizadora entra em contato com vários casais frequentam motéis Brasil a fora, a fim de discutir por diversas óticas, o que a diretora chega a afirmar: “Uma investigação no maior estabelecimento de sexo do mundo.”


O que inicialmente possa ser presunçoso por parte da diretora (Será mesmo que os motéis são realmente o estabelecimento de sexo do mundo?). O que acompanhamos é um excelente documentário que na pluralidade de óticas que cada casal dá em seus relatos, traz consigo um ricas perspectivas ao espectador. Apesar do formato abordado, soa didático e se previne de possíveis polêmicas.


Como vemos vários casais em inúmeros motéis distintos em nosso país. Em cada bloco narrativo, cada casal assume o papel de personagem, protagonista, diretores e documentaristas do projeto. Não há uma preocupação de uma busca de um enquadramento correto, iluminação, som etc. Mise em Scène com um tom amador, traz consigo um ar naturalista e de intimidade ao documentário a qual o espectador presencia o sexo ou relacionamento de cada casal com estabelecimento de forma que foge de uma proposta pornográfica ou até mesmo diferente de um estudo de caso tendo o motel como objeto.


A pluralidade é a grande força do longa. A casais héteros; meia idade; gay evangélico; casal com uma mulher trans, sadomasoquismo, entre outros. Cada relato é único. As perceptivas sobre o que é frequentar motéis traz ao documentário possibilidades talvez nunca pensadas pelo espectador (pelo menos para esse crítico foi), que o estabelecimento é muito mais do que local para o ato sexual.


Por mais que o formato seja repetitivo: casal entra no quarto, filma, depois do ato sexual, reflete sobre o sexo ou o motel. O conteúdo é muito rico, pois cada par de personagens, vai trazer sua perspectiva e discurso sobre sua própria experiência.


E duas características que me agradaram muito no longa. Um deles é que vários relatos se tornam cômicos, mas jamais rimos dos protagonistas, pois o que é relatado vem de perguntas igualmente válidas e perspicazes de cada personagem. O outro ponto forte é que o relato, geralmente, é contado pela ótica feminina. São das mulheres que tomam a voz de apresentar o quarto, enquanto a figura masculina serve apenas com o parceiro daquele momento de intimidade (Obviamente essa lógica não se aplica ao casal gay). O que de certa forma inverte a lógica social de submissão feminina no âmbito do sexo. 


Em um caso, quando a personagem que é uma mulher trans leva a câmera para o banheiro e leva para contar sua história, é emocionante e nos faz refletir mais uma vez que motel é muito além de um local para o ato sexual, mas como local que talvez nunca iríamos imaginar sendo utilizado (como citado parágrafos acima).


Porém, irei citar três que me incomodaram. Infelizmente, o documentário soa muitas vezes como purista. O sexo em certos momentos aparece de forma calculada e nunca da forma que mostra a tensão sexual que os próprios casais gostariam de mostrar. Outro incômodo, é que diferente do primeiro motel (e último que irei mencionar ainda), no qual a diretora se filma e nos conta em voz over, a proposta do documentário (o que evidencia o didatismo), todos os motéis que os casais vão são de luxo. E que me faz refletir a própria variedade de quartos mostrados no decorrer do longa, soa de certa forma elitista.


O calculismo fica mais evidente no último personagem apresentado no documentário. Um homem, que assim como a diretora no começo do longa, está no quarto simples, refletindo sobre a solidão de não ter um parceiro para o ato sexual. O filme se fecha na mesma forma em que começa, em uma poética melancólica. Dando um ar de ciclo previsível, que se diferem da maioria dos relatos imprevisíveis da película.


Eros, é um ótimo documentário sobre perspectivas que não geralmente não pensamos que iremos refletir devido ao local que está sendo abordado. O que gera uma surpresa positiva, apesar de um certo didatismo que a forma que longa de estrutura.


Eu geralmente não costumo colocar nas minhas críticas a data de lançamento de quando será lançado o longa. Mas levando em consideração que a distribuidora vai lançar o documentário no dia dos namorados de 2025, fica aqui minha pergunta: Será que teremos mais casais lotando os cinemas ou nos vários locais que a película foi filmada? Sinceramente, acho que a resposta é bem óbvia.

🐸

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Para Amantes de Cinema

Persona Crítica. Propriedade Daniel Victor. Crítica de Cinema

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