Coração de Lutador - The Smashing Machine: A queda de uma lenda e um ótimo estudo de personagem.
- Daniel Victor
- 2 de out.
- 3 min de leitura

Coração de Lutador - The Smashing Machine de Benny Safdie
Por: Daniel Victor.
Há três elementos que me fizeram gostar bastante de Coração de Lutador - The Smashing Machine (apesar, irei pontuar, elementos negativos). O primeiro vem de todo o trabalho do realizador Benny Safdie (diretor dos ótimos Bom Comportamento 2017 e Joias Brutas 2019, junto com seu irmão Josh Safdie), que aqui dirige, roteiriza e montador do longa. O segundo ponto vem do recorte escolhido para a história. E o terceiro é ver Dwayne Johnson (The Rock), se aventurar em um filme que bem diferentes dos seus sucessos comerciais de Blockbuster, em um papel que é um estudo de personagem bastante desafiador.
Acompanhamos a história de Mark Kerr (Dwayne Johnson), um lendário lutador de Wrestling (WWE), e um dos pioneiros do Pride, que se tornaria o fenômeno UFC. O longa se passa entre 1997 à 2000, onde vemos o começo do período da queda do atleta, quando passou por momentos conturbados nos ringues e na sua vida pessoal.
Começando pelo segundo ponto que gostei dito no primeiro parágrafo. Apesar de acompanharmos o período da queda do protagonista (o que difere da maioria das cinebiografias que é ascensão e queda), o que ajuda bastante no potencial dramático do longa. O filme consegue ser um tributo positivo da história de Mark Kerr. Pois Safdie faz questão, mesmo sem uso de flashbacks, de exaltar a importância de toda a carreira do biografado, e mostra como ele foi pioneiro no que se tornaria UFC. O que torna a película diferente da maioria de filmes do gênero.
Safdie consegue criar uma narrativa eficiente tanto no melodrama, quanto em um longa de esportes. No que tange às lutas, a fisicalidade de Dwayne Johnson, que já foi desportista, o ajuda demais. O trabalho de maquiagem (e aqui não vou citar toda a equipe), é impressionante. The Rock, parece realmente ser o biografado.
A fotografia de Maceo Bishop tenta criar um tom quase de documentário. O espectador é um observador das lutas (como se estivéssemos vendo gravações), e sempre com um certo distanciamento para que sejamos um voyeur do dia a dia de Kerr.
No que tange o drama, essa é de longe a melhor atuação de Dwayne Johnson. Apesar de ser um cara bonzinho demais, é muito palpável sua história de queda. Com uma bela atuação que serve como estudo de personagem. Outra atuação que se destaca é da mulher de Kerr, Dawn Staples (Emily Blunt), que apesar de serem um casal que se amam, vivem um relacionamento tóxico. Apesar de não ter sentido isso, acho que alguns espectadores podem de certa forma culpar a personagem em diversos momentos, o que para mim seria um erro, mas entenderia, pois o longa chega na linha tênue de tensão para essa possível interpretação.
Apesar de ser um drama eficiente como estudo de personagem de uma queda e com excelentes atuações. Apesar do recorte preciso (a qual elogiei acima), a montagem tem seus pontos bons e fracos. Safdie cria momentos tantos nas lutas e na vida pessoal onde a edição funciona muito bem, entretanto, a passagem de tempo dos três anos, é meio confusa, pois não sentimos com exatidão o peso do tempo.
Coração de Lutador - The Smashing Machine é um longa eficiente. Com belas atuações e direção. Provavelmente participará na temporada de prêmios e algumas categorias ao Oscar 2026. Apesar de não ter demérito nenhum ter sua carreira ancorada em Blockbuster, espero que Dwayne Johnson se desafie mais em papeis complexos e que não seja apenas uma tentativa única para tentar buscar o Oscar de melhor ator.






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