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Bom Menino: Uma ótima premissa em um longa extremamente convencional e clichê

  • Foto do escritor: Daniel Victor
    Daniel Victor
  • 28 de out.
  • 3 min de leitura

Bom Menino (2025) de Bem Leonberg

Por Daniel Victor.

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Eu sempre gosto de projetos nos quais realizadores pensam “fora da caixa” e nos trazem algo que seja “novo”. Em o Bom Menino, o diretor Bem Leonberg (que assina o roteiro juntamente com Alex Cannon), parte de uma premissa bastante interessante: E se um filme de terror partisse do ponto vista de cachorro? Tal decisão para o filme já é uma forma que foge do convencional, porém, a estrutura que é escolhida para contar a história é infelizmente clichê.


Aqui acompanhamos a história de Todd (Shane Jensen) e seu cãozinho fiel Indy (Indy), que se muda para a casa de campo da família após a morte de um parente. O local, que antes pertencia ao seu avô, é conhecido por vários mistérios sobrenaturais. Porém, ignorando todos os avisos, Todd resolve passar a morar na casa a fim de se isolar do mundo. Entretanto, os rumores são reais e forças maléficas perturbam a residência. E cabe a Indy proteger seu tutor e lutar contra as forças do mal.


Partindo da premissa que nosso protagonista é cachorro, logo se imagina o esforço criativo para que o espectador sinta na perspectiva de um cão. É aqui que o longa brilha. A linguagem cinematográfica é toda pensada na perspectiva humana. Podemos dizer que um enquadramento de Plano Médio é da cintura para cima. Entretanto, como seria plano médio para um animal quadrúpede? Não mostraremos as patas? Ou seria da metade do corpo para cima?


Os planos e a movimentação da câmera têm de ser repensados, é o trabalho de Leonberg é louvável, pois cria inúmeras formas criativas para filmar o nosso protagonista. Indy é excelente ator, pois ele consegue nos cativar e realmente nos fazer acreditar que está enfrentando as forças do mal e todos os sentimentos que normalmente seria um humano que enfrentaria.


E na montagem o efeito Kuleshov é extremamente eficiente. Um plano mostrando Indy, outro plano para onde ele está olhando, e retornar plano com Indy novamente, causa no espectador diferentes sensações, como se estivéssemos na pele do protagonista que está diante do sobrenatural.


Utilizar de algo corriqueiro que cães e gatos fazem que é olhar fixamente para um local e não entendermos o motivo (mesmo que você não seja tutor de nenhum animal, creio que já presenciou isso), é utilizado como se Indy realmente estivesse olhando para algo sobrenatural. Isso me lembra de conto (que é o nome do livro), “Dizem que os cães veem coisas”, do escritor Cearense Moreira Campos, que parte também dessa premissa.


Entretanto, ao focar tanto em como filmar o nosso carismático protagonista. Temos aqui uma história tão convencional e clichê de terror, que ao invés de nos causar apreensão ou medo, me soou cômico, pois é muito raso.


Por mais que o longa seja curto (menos de uma hora e meia), o filme não consegue sustentar sua história que não é interessante. Não nos importamos com Todd, ou a sua irmã que liga para saber como o irmão está na casa abandonada do antigo avô, ou de um vizinho que utiliza uma roupa camuflada pois está caçando raposas, apenas Indy é importante. Tudo aqui são justificativas para criar uma narrativa que não prende o espectador em momento nenhum. Quando vemos Indy olhar para um local e vermos as forças malignas pela primeira vez, é interessante. Agora quando isso acontece pela vigésima vez, aí perde totalmente o potencial de terror.


Aqui os sustos são previsíveis, as forças do mal são “qualquer coisa”. Em momento nenhum, por mais eficaz atuação de Indy, eu realmente temia por ele. E o longa toma a escolha estranha de não mostrar os rostos dos seres humanos, que com intuito de criar um estranhamento, nos causa indiferença.


Bom Menino parte de uma premissa original de certa forma. E como trabalho de linguagem é eficaz. Mas sua narrativa é tão convencional e clichê, que espero que cãozinho Indy, possa retornar em outro projeto melhor escrito.

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Para Amantes de Cinema

Persona Crítica. Propriedade Daniel Victor. Crítica de Cinema

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