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Nosferatu: Uma excelente releitura de um clássico do Cinema que moderniza a obra base e aumenta o seu escopo.

  • Foto do escritor: Daniel Victor
    Daniel Victor
  • 26 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

Nosferatu de Robert Eggers.


Por Daniel Victor.

 


Nosferatu: Uma Sinfonia de Horror (1922), de F.W. Murnau é um expoente do Expressionismo Alemão. Apesar de se tratar de uma adaptação não muito bem quista de Drácula de Bram Stoker (Mas um caso do autor do livro não gostar do que foi ao Cinema), o longa se tornou um marco cultural para entendermos os Vampiros. Releituras desse clássico foram feitas como Nosteratu: O Vampiro da Noite (1979), de Werner Herzog (que confesso ao leitor que sabia da existência do filme. Porém, não assisti), e agora, 102 anos depois do primeiro, Nosferatu de Robert Eggers, é uma releitura que acerta em tudo que faz, aumentando o escopo e mas me fazendo trazendo uma questão: O diretor não fez “mais do que sua obrigação?”


A carreira de Eggers é disposta com o excelente A Bruxa (2015), com o também incrível O Farol (2019) e oscila em Homem do Norte (2022), ao contar uma história fora do terror. Mas de volta ao gênero que o consagrou, acredito que Nosferatu será o ponto mais alto da filmografia do diretor. A releitura de 2024 é um deleite. Porém, o crítico que vos escreve não saiu completamente satisfeito, pois é óbvio que modernizar a obra de 102 anos atrás já era esperado. Mas o que de novo o realizador propôs ao clássico? Vamos descobrir.


A história é praticamente a mesma de 1922. Thomas Hutter (Nicholas Hoult), é empregado de uma firma imobiliária na Alemanha no século XIX. Querendo prosperar na vida para o bem de sua esposa Ellen (Lily-Rose Depp), ele é mandado para um castelo para acertar um negócio (uma moradia na cidade que Hunter mora), com o Conde Orlok (Bill Skarsgard). Porém, com acordo feito, Hunter não imaginava que o conde era na verdade o lendário vampiro Nosferatu, que agora com a permissão de sair do seu castelo vai atormentar a cidade de Thomas e ir atrás de sua esposa, que parece ter vínculos fortes com o Conde.


Em termos técnicos o longa é um deleite. A fotografia de Jarin Blaschke, somados direção de arte Robert Cowper e os efeitos especiais de Milos Brosinger e David Myslík, criam uma ambientação sombria, que explora muito bem as sombras (característica do Expressionismo Alemão). Já na primeira cena e em outra que vemos a sombra da mão de Nosferatu pairar sobre a cidade, vemos o clima sobrenatural preciso. E a edição de Louise Ford, alterna entre realidade e pesadelos sem nunca sem apelativa para sustos bobos.


Os grandes méritos de Eggers moram em três pontos chaves: Nosferatu, os novos personagens e a relação entre eles, e vínculo de Ellen e o vampiro. Ao contrário de Herzog, que respeitou a aparência que deu ao antagonista feita por Murnau. Eggers, por sua vez, cria uma versão onde acreditamos estar diante de uma criatura imponente e secular. Nosferatu, tem uma voz ameaçadora e sedutora e realmente parece um monstro.


Existem vários personagens que poderia citar, mas forcarei no que me chamaram mais atenção. Friedrich Harding (Aaron Taylor-Johnson), amigo do casal Thomas e Ellen Hutter, que faz um papel cético em relação aos acontecimentos que o vampiro irá causar. O Dr. Wilhelm Sievers (Ralph Ineson), a qual a razão cederá por não saber explicar o que está acontecendo. E o Prof. Albin Eberhart von Franz (Willem Dafoe), um professor de alto renome que perdeu credibilidade no mundo académico por passar a pesquisar o sobrenatural, e que tem papel fundamental para vencer o mal. Apesar de serem arquétipos de personagens no terror, todos funcionam bem na trama.


A mudança mais significativa e interessante é a relação de Ellen e Nosferatu. Existe um vínculo sobrenatural e principalmente erótico entre os dois. O diretor não apela para flashbacks para explicar nada, mas cria cenas que conseguem ser bem perturbadoras e alucinações muito bem-feitas. Thomas tem um papel fundamental na relação. Pois o amor entre ele e a esposa, a protege do vampiro.


Mas qual o motivo de eu não ter saído tão satisfeito e ter dito que Eggers fez “mais do que sua obrigação”. Não me entendam mal, eu sei que o filme nas mãos erradas pode ser um desastre, e o longa é sim um acerto. Mas acredito que com uma superprodução, com grande elenco, acho que o realizador poderia mexer mais na obra base. Existem mudanças e acréscimos interessantes, mas para quem já conhece principalmente o filme de Murnau, apenas aparenta ser novidades que já precisavam ser preenchidas. E que muito provavelmente, se tornará um novo clássico para novas gerações.


Nosferatu de Robert Eggers é uma releitura que tem bastantes méritos. Para que não conhece nenhuma versão da obra base, irá assistir ao grande filme de terror. Para quem já conhece, serão novidades que não estragam a experiência, mas talvez não empolgue tanto. Espero que esse novo longa faça buscar as versões anteriores, principalmente a de Murnau. Que mesmo 102 anos depois, ainda é clássico atemporal.

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Para Amantes de Cinema

Persona Crítica. Propriedade Daniel Victor. Crítica de Cinema

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