Minha Cobertura do 34° Cine Ceará: Festival Ibero-americano
- Daniel Victor
- 16 de nov. de 2024
- 27 min de leitura
Por Daniel Victor.

Olá a todos! É com muito prazer que mais uma vez tenho a oportunidade de cobrir o Cine Ceará: Festival Ibero-americano, que está em sua 34° edição.
Sempre é um prazer cobrir o festival mais importante do meu estado e um dos mais importantes do país.
Gostaria de agradecer a Dégagé Comunicação, que me concedeu o credenciamento para cobrir o festival, ao Cine Ceará e a você leitor.
Mas antes de tudo, irei apresentar o festival e como funciona minha cobertura.
34° Cine Ceará: Festival Ibero-americano
34° Cine Ceará: Festival Ibero-americano, ocorreu dos dias 9 a 15 de novembro de 2024. Esse ano é bastante especial, pois marca o Centenário do Cinema Cearense. Em 15 de outubro de 1924, Adhemar Bezerra de Albuquerque exibiu, no extinto Cine Moderno, o filme "Temporada de futebol maranhense no Ceará”. Sendo a primeira produção audiovisual dirigida por um cearense.
O festival ocorreu em diversos locais da cidade de Fortaleza (e continuará em demais cidades até 2025).
Cineteatro São Luiz
No Cineteatro São Luiz, ocorreu de 9 a 15 de novembro, diversas atividades. Dentre elas: ABERTURA DO 34º CINE CEARÁ, a competitiva MOSTRA OLHAR DO CEARÁ - CURTA-METRAGEM, MOSTRA OLHAR DO CEARÁ - LONGA-METRAGEM, MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM, EXIBIÇÔES ESPECIAIS, as HOMENAGENS e CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO.
Sala Seu Vavá
Na Sala Seu Vavá, ocorreu de 10 a 14 de novembro, DEBATE COM OS REALIZADORES DA MOSTRA OLHAR DO CEARÁ - CURTA-METRAGEM e MOSTRA OLHAR DO CEARÁ - LONGA-METRAGEM.
Hotel Sonata de Iracema
No Hotel Sonata de Iracema, ocorreu de 10 a 15 de novembro, DEBATE COM OS REALIZADORES MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM OLHAR DO CEARÁ o DEBATE COM OS REALIZADORES e da MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM.
Caixa Cultural Fortaleza
Na Caixa Cultural Fortaleza, ocorreu de 12 e 13 de novembro, a MOSTRA MELHOR IDADE e MOSTRA O PRIMEIRO FILME A GENTE NUNCA ESQUECE e MOSTRA ACESSIBILIDADE.
Centro Cultural Banco do Nordeste
No Centro Cultural Banco do Nordeste, em 3 cidades diferentes: Juazeiro do Norte (CE), Sousa (PB) e Fortaleza (CE), nos dias 12, 13 e 21 de novembro respectivamente, ocorreu a MOSTRA CINE CEARÁ ITINERANTE
Itaú Cultural Play
No serviço de Streaming Brasileiro gratuito Itaú Cultural Play, ocorreu de 9 a 22 de novembro. 9 curtas da MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM OLHAR DO CEARÁ e 1 longa de MOSTRA OLHAR DO CEARÁ - LONGA-METRAGEM.
Oficina de Cinema Queer
A Oficina de Cinema Queer acontece de 11 a 14 de novembro, no Hotel Sonata de Iracema. Onde os participantes a História do Cinema Queer, gênero e sexualidade e diversos filmes.
Minha Cobertura
Minha Cobertura consiste em: Tudo que eu assistir em comentarei. Começando pelo Curtas e Longa da Mostra Olhar do Ceará no Itaú Cultural Play.
E estive presencialmente em todos os dias do festival, à noite, no Cineteatro São Luiz. Onde acompanhei a Abertura, Entrega de Prêmios, as Homenagens, os Vencedores, as Exibições Especiais, Mostra Competitiva de Curta Brasileira de Curta-Metragem e a Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem.
Itaú Cultural Play:
No Itaú Cultural Play. Estavam presentes 9 curtas e 1 longa da Mostra Olhar do Ceará.
Curta-Metragem:
O Verbo. Juliana Craveiro e Lucas Souto. Ficção. 20’. Brasil. 2024.

Sinopse:
Uma jovem estudante de física, é filha de uma mãe abusiva que a obriga a participar dos cultos de sua congregação religiosa. Entretanto, a jovem é invadida por pensamentos que teorizam a figura de Deus cientificamente e, quando menos espera, uma mulher misteriosa a faz conhecer toda a verdade por detrás de seus devaneios.
Comentário:
Um curta muito interessante e bem produzido. Iniciando os créditos ao som de “You Can’t Always Get What You Want”, dos Rolling Stones. Aqui a história mistura, religião, ciência, cultos, sobrenatural e até mesmo drogas, de uma maneira bastante criativa. Os simbolismos são muito bem desenvolvidos. O conflito da personagem principal, em relação a Deus e Ciência é um grande mote da narrativa. Um dos melhores curtas disponíveis do Itaú Cultural Play.
Raposa. Margot Leitão e João Fontenele. Ficção. 15’. Brasil. 2024.

Sinopse:
Em uma pequena casa do interior do Ceará, mora Raposa, uma mulher de jeito peculiar que chama atenção de Lelé, um diarista que trabalha na casa ao lado. A relação entre os dois muda a partir de sons estranhos vindos da casa de Raposa. Um dos melhores curtas disponíveis do Itaú Cultural Play.
Comentário:
Aqui temos uma história de um personagem homossexual que acha estranho os “uivos” da casa vizinha. Grande mote da narrativa é que as aparências enganam e os preconceitos têm que ser combatidos. A vizinha tem um comportamento animalesco, mas com um motivo muito forte. E o personagem principal demonstra empatia e força para lutar contra a situação.
Juzé. Raquel Garcia. Animação. 11’. Brasil. 2023.
Sinopse:
Uma baleia perdida no oceano encontra uma criança naufraga. Com seu canto, ela acorda a criança que escuta pela primeira vez na vida. Contudo, um evento trágico as separa, e Juzé, cresce carregando a lembrança desse momento único.
Comentário:
Aqui temos uma animação emocionante, sem diálogos e seguimos a vida de uma baleia perdida e Juzé, desde seu crescimento à velhice. O curta tem um caráter reflexivo contra a violência e o passar do tempo. Poético em vários momentos e que funciona muito bem.
Neblina. Milene Coroado. Ficção. 9’. Portugal. 2023.
Sinopse:
Num dia cálido de verão, duas pessoas deixam-se abafar por comportamentos frívolos, estranhos ou absurdos; enquanto uma delas desaparece misteriosamente, a outra refresca-se num lago perto de uma povoação em festa.
Comentário:
Apesar de tentar emular certa melancolia, Infelizmente, o curta não funciona nem a nível narrativo ou experimental. Convidando o espectador a refletir o que será realmente que o curta quer dizer.
Almadia. Mariana Medina. Animação. 8’. Brasil. 2024
Sinopse:
Em meio à paisagem nordestina, uma história que entrelaça a jornada de um jangadeiro ao mar com as emoções enfrentadas pela família em terra firme. Destacando a luta individual de cada personagem contra seus próprios desafios. XIV Edital de Cinema e Vídeo - Produções Secult Ceará.
Comentário:
Aqui temos uma animação sem diálogos, mas que aposta em uma estética mais estilizada. A narrativa é extremamente intimista e simbólica. Convidando o espectador a mergulhar no curta, que tem um caráter experimental.
Kila & Mauna. Ella Monstra. Ficção. 19’. Brasil. 2023.
Sinopse:
Uma ligação no meio da noite pode mudar todos os caminhos. Em busca de Triz, uma amiga desaparecida, Kila e Mauna se encontram em uma jornada de resgate. Para chegar aonde querem terão que atravessar os desertos que o tempo sedimentou entre elas.
Comentário:
O curta tem uma excelente fotografia e explora poucos espaços. Kila e Mauna são duas mulheres trans que vão que começam com conflitos entre si, mas ao longo da história sua amizade vai novamente se fortalecendo. Triz serve como um MacGuffin (recurso narrativo que é o objetivo dos protagonistas, mas não necessariamente o tema da história).
Topera. Rodrigo Gadelha. Documentário. 17’. Brasil. 2023-2024.
Sinopse:
Um dia comum na necrópole. O coveiro Adriano Topera, do cemitério mais antigo da cidade, leva a vida entre árvores e lápides, cuidando da terra e da saudade dos outros. Tem calma, sabe que, se o dia chegar, tem seu lugar a lhe esperar.
Comentário:
Um curta bastante interessante em mostrar os contrastes dos trabalhadores do cemitério e as demais pessoas que enterram os entes queridos. O ponto de vista sobre a morte, é o mote narrativo, que onde o personagem principal Topera, vive entre uma nostalgia e calmaria em relação ao seu passado, trabalho e futuro.
Crayon. Juno e Becca Lutz. Ficção/Animação.13’. Brasil. 2022
Sinopse:
Mel é uma artista trans que usa seus desenhos como refúgio. Quando seu autorretrato, Crayon, ganha vida, a protagonista passa a ser perseguida por ele.
Comentário:
Aqui temos uma narrativa que explora pouco o desenvolvimento real do seu tema, que é enfrentar seus medos. Apesar de ser louvável usar de maneira eficiente a animação, o terror não funciona.
Ponte Metálica. Felipe Bruno e Wes Maria. Ficção. 17’. Brasil. 2024.

Sinopse:
Tiago tem medo de nadar. Silva, acostumado ao mar, decide ajudar. Após um momento juntos na água, passeiam entre as praias, conversando, se conhecendo e aproveitando a tarde ensolarada do Poço da Draga.
Comentário:
Aqui temos uma narrativa com um excelente roteiro, fotografia e trilha sonora. O curta desenvolve pouco a pouco a relação dos protagonistas de forma crível. O pulo na água e medo, vão ganhando simbolismo, assim como outro que é apresentado no meio da narrativa de forma inteligente, que condiz totalmente com o final. Um dos melhores curtas disponíveis do Itaú Cultural Play.
Longa-Metragem:
Filhos do Vento. Euziane Bastos e Rogério Bié. Documentário. 69’. Brasil. 2024

Sinopse:
"Filhos do Vento" mergulha nos conflitos socioambientais e resistência vividos na comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati (CE), diante da chegada de um parque eólico em 2008. Sem serem consultados, os moradores deram início a uma luta contra os impactos que o empreendimento causou aos seus modos de vida, cultura e relação com o território.
Comentário:
Um forte documentário de denúncia. A história da comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati (CE), e o descaso do estado que sem medir forças, destrói e afetam a comunidade vem antes do parque eólico em 2008. O que resta a esse povo é resistir, através de uma força comunitária extremamente importante.
A resistência da comunidade põe em xeque os benefícios da energia limpa, que acreditamos ser o futuro, mas não sabemos os impactos que elas podem causar em espaços já habitados.
O longa é reflexivo, forte e nos dá tanto uma expectativa pessimista e otimista para resolução do conflito. Independente disso, a resistência continua.
Primeiro Dia. 09/11.
No primeiro dia marcou-se a abertura do 34° Cine Ceará: Festival Ibero-americano. Com as presenças: Margarina Hernandez (Diretora de Programação do Cine Ceará), Luisa Cela (Secretária de Cultura do Ceará), um vídeo da Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, a entrega do Prêmio “Troféu Eusébio de Oliveira”, em reconhecimento aos 70 anos da UFC, recebido pelo reitor Wolney Oliveira e a homenagem póstuma a cineasta Wladimir de Carvalho.

O reitor da UFC, confessou, que um documentário sobre a história da Universidade está em produção. E que será lançado no Cine Ceará 2025.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo. Joel Zito Araújo. Documentário. 82’. Cor. Brasil. 2024. Première Mundial. Livre.

Sinopse:
O filme resgata a trajetória da companhia de teatro de revista Brasiliana, que percorreu mais de 90 países ao longo de seus 25 anos de atividade.
Comentário:
Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo. É um documentário importantíssimo em resgatar a memória de um grupo de fundamental importância da imagem do nosso país para o exterior, além de refletir e referenciar toda a comunidade negra brasileira.
O longa passa desde a criação pré-Brasiliana, a companhia Brasiliana e pós-Brasiliana. Com entrevistas de membros fundadores, artistas que compuseram o grupo e imagens de arquivos, que vão desde gravações, jornais, fotos etc.
É realmente impressionante saber que tal grupo existiu e como eles foram importantes, para construir o imaginário brasileiro no exterior. Ora de maneira estereotipada, ora de maneira respeitosa.
O filme mostra os conflitos e a felicidade entre os integrantes. Que de forma descontraída vão contando casos e casos, de onde estiveram e com quem estiveram que surpreendem o espectador.
A valorização da cultura negra e respeito com sua história é um dos pontos positivos da película. Apesar de vários integrantes relatarem, sim, o racismo, eles enxergavam a Brasiliana como uma oportunidade de ascensão social e na vida.
Ao mesmo tempo que a edição e montagem é precisa ao mostrar a intimidade e descontração. No segundo ato inteiro (que é boa parte do longa), nós ficamos perdidos por não ter uma definição clara cronológica. Nos situamos através dos locais e das personalidades que se encontraram com o grupo ou viram uma apresentação. Dentre eles os The Beatles, Marlon Brando, Robert de Niro, Elizabeth Taylor, o então Imperador do Japão na época, a participação da Brasiliana na Copa do Mundo Masculina de 74, entre outras.
Um longa de enorme importância que me lembrou de certa forma outro documentário brasileiro. Dzi Croquettes (2009), de Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Por se tratar de dois grupos teatrais e de dança, apesar da abordagem completamente diferente.
Segundo Dia. 10/11
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
Um lobo entre os cisnes. Marcos Schechtman e Helena Varvaki. Ficção. 110’. Cor. Brasil. 2024. Première Mundial. 14 anos.

Sinopse:
Um Lobo entre os Cisnes conta a história de Thiago Soares, um garoto do subúrbio carioca que deixa para trás o hip hop e embarca no mundo do balé clássico. Sua história ganha rumos inesperados através da conturbada relação com seu mentor, o cubano Dino Carrera, que aprimora o talento de Thiago até ele atingir o estrelato ao se tornar o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres.
Comentário:
Apesar de uma narrativa clássica de amadurecimento. Um lobo entre os cisnes é um filme com uma execução perfeita. A jornada biográfica de Thiago Soares (Matheus Abreu), em uma atuação belíssima), um jovem marrento que queria dançar hip pop, e para o balé (a que achava que era “coisa de veado”), para um bailarino que aprende que disciplina é maior do que ter somente talento, é incrível.
O seu mentor Dino Carrera (Dário Grandinetti, (Em mais uma atuação brilhante em sua carreira), é um contraponto perfeito para a relação do protagonista. Ambas as atuações são dignas de aplausos, na verdade, todas as atuações e o filme como todo merecem honrarias.
Por mais que “já vimos esse tipo de "história antes”, é sempre fascinante quando é bem executada. Marcos Schechtman e Helena Varvaki, são precisos em contar uma narrativa poderosa. Aluno e Mentor se contradizem e se complementam. É um filme impressionante.
Exibição Especial
Lampião, Governador do Sertão. Direção: Wolney Oliveira. Documentário. 90’. Brasil. 2024. 14 anos.''

Sinopse:
"Lampião, Governador do Sertão'' expõe a trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, examinando sua jornada histórica e os mitos e polêmicas que o cercam. A reputação de Lampião como um líder cangaceiro temido e impiedoso durante sua vida é contrastada com o poder duradouro de seu legado cultural. O filme explora a complexidade do personagem, destacando como sua influência cultural continua a ecoar de forma vigorosa até hoje.
Comentário:
Lampião, Governador do Sertão talvez seja a melhor obra que retrata a vida, o mito e o legado desse personagem tão importante para o Cangaço, Nordeste e Brasil.
Acompanhamos toda a trajetória de Lampião, desde sua infância, morte e legado. Em inúmeras entrevistas. Com Ex-Cangaceiros do grupo de Lampião, Especialistas, admiradores, opositores, mulheres que participaram da vida do personagem.
Imagens de Arquivos, filmagens em que o próprio Lampião permitiu ser filmado, filmes e tantas referências. Que apesar do didatismo, não atrapalha e sim contribui para experiência.
Maria Bonita, Corisco, Dadá etc. Foi emocionante ver que na exibição no longa do Cine Ceará, a família de Lampião estava lá, para prestigiar o filme. Filha e netas de Lampião estavam na plateia.
Herói ou Vilão? Verdade ou Mito? De tudo um pouco, Lampião foi e continua sendo presente no imaginário das pessoas.
Ouvimos os relatos das crueldades, a coragem, a inteligência, a ousadia. Não é possível ficar indiferente com o documentário.
É incrível como as vezes vistos de forma ruim, posteriormente, por artistas, escritores de cordel e próprio povo transformaram Lampião em uma figura folclórica e mística nos dias de hoje.
A admiração do povo Nordestino, que construiu parte de sua identidade na figura de resistência que Lampião era de certa forma, faz parte da nossa identidade nacional.
Bom ou ruim. Lampião foi e sempre será lembrado como uma figura única na história do Brasil.
Terceiro Dia. 11/11
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem
Você. Elisa Bessa. Híbrido. 7’. Rio de Janeiro. 2024. Livre.
Sinopse:
Por meio de uma conversa telefônica com uma delegada, uma mãe revive memórias de sua vida com o pai de sua filha.
Comentário:
Com uma abordagem bastante intimista. O curta trata-se de uma conversa tensa, onde mãe e filha relembram o passado do ex-marido e pai. A diretora Elisa Bessa utiliza de uma mistura de ficção e documentário. Com imagens de arquivos, fotos vão relembrando o passado. A fotografia é muito interessante, pois quase não vemos os rostos das personagens, sempre em contraluz ou em planos que não mostram o rosto. O que potencializa o poder de luto.
Quinze Quase Dezesseis. Thais Fujinaga. Ficção. 20’. São Paulo. 2023. 10 anos.

Sinopse:
O basquete deu à adolescente Tamiris a chance de estudar em uma escola particular. Ela passa a se dividir entre treinos e aulas de teatro. Pela primeira vez em contato com o fazer artístico, Tamiris descobre outras formas de extravasar as energias até que é abusada durante uma aula.
Comentário:
Um curta poderoso sobre vítimas de abuso e como elas ficam impotentes perante o trauma. É interessante ver a utilização da proximidade das aulas de teatro e como o jogo de basquete “um esporte corpo a corpo” é utilizado para potencializar a narrativa.
O curta utiliza também da metalinguagem, usando a peça de Shakespeare, para comentar a história de maneira sutil.
Cavaram uma cova no meu coração. Ulisses Arthur. Documentário. 24’. Alagoas. 2024. 10 anos.

Sinopse:
Enquanto uma mineradora perfura a terra para extrair sal-gema, uma gangue de adolescentes planeja quebrar a máquina responsável pelos tremores e afundamento do solo.
Comentário:
Um curta extremamente poderoso, com uma forte denúncia e revolta. Através de documentário e ficção, os moradores da comunidade de uma cidade destruída por uma mineradora, utilizam da arte como resistência.
Com um caráter experimental. O curta mistura documentário e ficção de uma maneira tão criativa. Os moradores são personagens tanto na parte documental e na parte ficcional, sendo figuras participativas na construção da narrativa.
Poderoso e importante denúncia, onde vemos os escombros de uma cidade quase fantasma como um cenário de guerra. A revolta se faz resistência em uma narrativa potente.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
Milonga. Laura González. Ficção, 106’, Cor, Uruguai-Argentina, 2023. Première Brasileira. 16 anos.

Sinopse:
Rosa tem a oportunidade de se libertar de um passado de opressão ao conhecer um homem com quem redescobre sua paixão pelo tango. Mas antes de dar um passo à frente, ela deve aceitar algumas verdades incômodas.
Comentário:
O longa acompanha Rosa (Paulina García), uma idosa introspectiva e que mora com sua adorável cadela. O filme trata-se de um estudo de personagem, que trabalha com a solidão e traumas que nossa protagonista tenta esconder, enquanto tenta buscar no dia a dia, formas de se entreter e se conectar com as pessoas e com si mesma.
A atuação de Paulina García é ótima. Através do sorriso ela tenta disfarçar o incômodo, a tristeza e seus traumas. E apesar de se esforçar para se comunicar com os amigos, filhos e possíveis paixões, a protagonista vive uma tragicomédia.
Aos poucos vamos nos apegando a personagem e a entendendo. Mas somente no final, quando temos uma revelação, o longa parte para a tragédia.
Apesar de bem dirigido e roteirizado, muitas vezes a estrutura da película não potencializa todo o drama da protagonista. Ficamos com empatia a casa passo que a protagonista dá. Mas o final é abrupto para o espectador sentir todo o peso que Rosa, apesar de nos conectamos com ela durante todo o filme
Quarto Dia. 12/11
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem
Eu sou um pastor alemão. Angelo Defanti. Animação. 15’. Rio de Janeiro / São Paulo. 2024. Livre.

Sinopse:
Olá, eu sou um pastor alemão. Graças à minha formidável capacidade de aprendizado, lealdade e versatilidade, sou responsável por zelar pela segurança deste rebanho. Infelizmente, hoje, não trago notícias auspiciosas.
Comentário:
Um dos curtas mais divertidos e bem executados da competição. Eu sou um pastor alemão, é uma animação que conta a história um de pastor alemão que pastoreia um rebanho de ovelhas. Mas ao ser confrontado por uma ovelha diferente das outras (“Ovelha Negra”), passa a ter uma crise de identidade.
Aqui os animais são antropomorfizados e falam. O pastor alemão (que tem sotaque alemão), todo tempo tem que se afirmar do seu “dever”, mas confrontado por uma ovelha (sotaque meio caipirinha), passa a duvidar desse “propósito”.
É muito legal um curta discutir nossos deveres e como nós temos preconceitos enraizados, graças a algo ou alguém, que nos diz que temos que ser assim. O cão, vive dizendo “Eu sou um pastor alemão”, como se auto afirmar, mas ao confrontado com a ovelha e depois por uma loba, ele passa a ouvir seus instintos e seu coração.
A animação é belíssima e roteiro muito bem escrito.
Salmo 23. Lucas Justiniano e José Menezes. Documentário. 12’. São Paulo. 2024. 14 anos.
Sinopse:
“Salmo 23” acompanha Fátima, fotógrafa de cena de crime da Polícia Científica de São Paulo, durante um plantão noturno pelas ruas da maior cidade da América Latina.
Comentário:
Um documentário pesado e que lida com um tema sensível. Acompanhamos Fátima, uma fotógrafa que ao mesmo tempo é protagonista e narradora da obra.
O tema abordado é muito sensível. A direção de Lucas Justiniano e José Menezes, quase mostra imagens que por si só seriam perturbadoras de se imaginar.
A protagonista reflete sobre o tema e usa a sua fé para tentar entender a dor das vítimas e daqueles que ficam, mas sem julgamentos morais. Apenas um lamento dessa temática está sendo mais presente a cada dia.
Tiramisú. Leônidas Oliveira. Ficção. 20’. Ceará. 2024. 12 anos.
Sinopse:
No interior do Ceará, Rio quer sair pelo mundo afora, mas não sabe andar de bicicleta. Cláudia, sua melhor amiga, quer ficar e ser vereadora. Evângelo apenas quer amar Rio.
Comentário:
Acompanhamos Rio, uma mulher Trans e seu cotidiano, enquanto nutre um amor por Evângelo e ajuda sua amiga Claudia.
A direção e o roteiro são bem competentes em desenvolver a protagonista. Sentimos seus anseios, amor, melancolia e os laços de amizade com outros personagens.
É bom ver uma personagem Trans em uma história mais intimista e sem ter que sofrer algum tipo de violência.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
EN LA CALIENTE – Contos de um Guerreiro do Reggaeton. Fabien Pisani. Documentário, 85’, Cor, Cuba-EUA, 2024. Première Brasileira. 16 anos.

Sinopse:
Ele veio do nada, mudou um país para sempre com sua música e depois desapareceu. Um retrato trágico de um dos artistas mais importantes e esquecidos da Cuba contemporânea. Um filme sobre juventude, dança, liberdade e rebelião.
Comentário:
Acompanhamos a história de Kandman, um cantor de Reggaeton, que através de sua música subversiva, passa a atrair jovens e a poluição Cubana. Logo o governo de Cuba passa a censurá-lo em nome da “boa moral”.
O roteiro é bem construído: com a construção quase que mítica do protagonista e sua influência, depois a resistência contra a censura e por fim a melancolia que Kandman passa pela censura do Estado Cubano.
O longa contextualiza bem a vivência do povo Cubano, o quão grande foi Kandman e sua influência cultural e social, e a repressão do Estado. A narrativa conta a história pois Guerra Fria, onde o povo de Cuba está mais necessitado até mesmo de coisas básicas. A música do protagonista vai muito além de reunir pessoas para festa, pois algumas questionam o governo e seu descaso.
É interessante pois podemos fazer um paralelo com o Funk Carioca. Que também retrata a vida de sua comunidade e várias letras são consideradas vulgares e uma tipo de música “menor”.
Apesar do tom melancólico no terceiro ato. A resistência continua sendo presente até os dias de hoje.
Quinto Dia. 13/11
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem
Os mortos resistirão para sempre. Carlos Adriano. Híbrido. 24’. São Paulo. 2024. 16 anos.

Sinopse:
Cinepoema sobre a atual tragédia palestina, com filmes brasileiros de 1922 e 1932 (a catástrofe indígena), documentais de 2023 / 2024, ensaios de Jean-Luc Godard, Hani Jawharieh e Mustafa Abu Ali, declarações de Edgar Morin e Noam Chomsky, e um poema de Mahmud Darwich.
Comentário:
Os mortos resistirão para sempre é um Cinepoema, um ensaio que nos mostra o terrível genocídio que o povo da Palestina vem sofrendo por Israel. Além disso, o diretor, Carlos Adriano, também une as imagens do terrível acontecimento com outros genocídios durante a nossa história, como por exemplo os povos indígenas.
Os vídeos de arquivos são muito fortes e pesados, nós acompanhamos a barbárie que esse genocídio. O curta tem influência na sua estética e na montagem de Jean-Luc Godard, Hani Jawharieh e Mustafa Abu Ali. No curta, o poema de Mahmud Darwich é declamado, enquanto olhamos a destruição. Além de vídeos de Edgar Morin e Noam Chomsky, que nos mostram a impotência daqueles que resistem.
O curta é chocante, mas necessário, pois não se trata de um extermínio de um povo de forma “escondida”, e sim onde todo o mundo assiste e não faz nada.
Maputo. Lucas Abraão. Ficção. 15’. São Paulo. 2024. 12 anos.
Sinopse:
Tatu é levado por três crianças mais velhas a acreditar que se superar certos desafios se tornará um Maputo, alguém com a habilidade de controlar o vento. Tatu permanece determinado a atingir essa transformação, mesmo quando as tarefas se tornam cada vez mais perigosas.
Comentário:
“O que é Maputo?” Esse é o principal enigma desse curta, onde acompanhamos o Tatu e mais três crianças mais velhas, que testam nosso protagonista, para que ele se torne um tal Maputo.
Focado principalmente em Tatu e líder dos garotos. Se tornar um Maputo na verdade é somente uma forma de praticar bullying com nosso protagonista, que é muito inocente e especial.
O mostra bem o isolamento de Tatu em planos mais abertos. Porém, a história traz rumos inesperados, quando o sobrenatural emerge.
Fenda. Lis Paim. Ficção. 23’. Ceará. 2024. Livre.

Sinopse:
Marta é uma cientista botânica que vive apartada de suas raízes, quando aceita receber a visita de Diná, uma velha senhora doce e enxerida que tenta desesperadamente penetrar na sua intimidade.
Comentário:
Um crítico tem que manter sua imparcialidade, mas confesso que estava ansioso para assistir Fenda. Pois, a diretora Lis Paim, foi minha mestra na Graduação em Cinema.
Porém, posso dizer que o curta faz jus a todos os prêmios e admiração por onde passa. Pois é excelente.
Acompanhamos Martha (Edvana Carvalho), e Diná (Noélia Montanhas), parentes que apesar de algumas semelhanças, são completamente.
Fenda tem inúmeros significados. A relação da protagonista tem uma real rachadura entre elas. A maneira que elas enxergam a vida (uma mais racional e outra com sua experiência), a relação íntima entre as duas, e outros simbolismo, como por exemplo um ovo de tartaruga, que remete ao relacionamento entre as duas.
A direção de Paim é precisa. Vemos sempre uma “fenda” através da composição dos planos e montagem. Vemos as personagens em planos conjuntos, mais uma a frente e outra pouco mais atrás, vemos um plano dia centraliza e corta para outro plano centralizado de outra, e quando elas dividem o mesmo quadro, ainda a uma separação entre elas, psicológica, demonstrando o passado, presente e futuro das personagens.
Fenda consegue ser emotivo e as atuações das protagonistas são incríveis.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
Linda. Mariana Wainstein. Ficção, 100’, Cor, Argentina, 2024. Première Brasileira. 14 anos.

Sinopse:
Linda, uma cativante empregada doméstica com charme e beleza únicos, revela segredos e fantasias eróticas de uma família. A atração que desperta em cada membro da família a leva a exercer poder sobre eles. Por trás de suas vidas aparentemente felizes existe uma complexidade inesperada.
Comentário:
Linda é longa, problemático, pois apesar de suas mensagens claras, muitas vezes elas se contradizem.
A direção de Mariana Wainstein, vai direto ao ponto. Temos aqui uma protagonista que se chama Linda (mais óbvio não pode ser), uma empregada recém contratada por uma família rica, que passa a revelar segredos, desejos e fantasias eróticas, enquanto tentam manter a aparência.
O filme é mediano, pois é ambíguo. O erotismo está presente nos planos que mostram o corpo da protagonista, de como ela transforma pouco a pouco a casa e a família. Aqui as personagens femininas têm mais desenvolvimento de seus personagens, do que os masculinos. Onde é intencional, para mostrar um certo tipo de empoderamento escondido nos desejos delas. Enquanto, os homens, vêm Linda apenas como um objeto de desejo.
O que torna a película mediana, é justamente as várias abordagens, que muitas vezes se contradizem. Linda é uma personagem que às vezes não quer fazer parte do mundo daquela família, outras vezes interferem. Não que usar roupas de empregada (um fetiche masculino), mas muitas vezes é colocada como um estereótipo machista. A mãe e filha, que mais se transformam com a chegada da protagonista, ora vivem o erotismo, ora reprimem, O pai e filho, que objetificam Linda, ora são desprezados, mas é que controlam e monitoram a casa. Ora a direção é erótica, ora tenta ser sutil,
O filme tenta abordar várias temáticas e direção consegue, seu objetivo. A fotografia evidência muito bem isso.
Entretanto, os temas quando colocados lado a lado, se contradizem. Talvez esse possa ser um grande trunfo do filme, mas para mim, essa ambiguidade atrapalha a experiência.
Sexto Dia. 14/11
Homenagem:
Rodger Rogério

Rodger Rogério: Aos 80 anos de idade e em plena atuação nas artes, o cearense Rodger Rogério receberá o Troféu Eusélio Oliveira no dia 14, antes das exibições da noite, no Cineteatro São Luiz. Multiartista, Rodger Rogério segue carreiras paralelas na música e no cinema. Entre seus prêmios, foi agraciado, em abril deste ano, com o troféu de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado, com o filme “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi. Mestre em física, formação que o levou à nomeação como professor na USP nos anos de 1970, foi nas artes que Rodger Rogério seguiu carreira e se projetou nacionalmente. Como cantor e compositor, despontou na mesma década como um dos nomes do movimento “Pessoal do Ceará”, que revelou artistas como Amelinha, Belchior, Ednardo, Fagner, Fausto Nilo e Teti. No cinema, também atuou em longas como “A Saga do Guerreiro Alumioso” (Rosemberg Cariry, 1993), “A Ilha da Morte” (Wolney Oliveira, 2005), “O Grão” (Petrus Cariry, 2007), “Bacurau” (Kleber Mendonça Filho, 2019) e “Pacarrete” (Allan Deberton, 2020).
O cantor Ednardo foi o responsável para entregar o Troféu Eusébio Oliveira, a Rodger Rogério.
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem
Bolinho de Chuva. Cameni Silveira. Ficção. 11’. Paraná. 2023. Livre.
Sinopse:
Nelma brinca no quintal enquanto uma tempestade parece se formar, sua avó faz uma simpatia para prender a chuva e a menina fica encantada com as habilidades mágicas da avó.
Comentário:
O curta consegue estabelecer bem a relação de neta e avó. Porém, na parte sobrenatural, não passa a sensação crível ao espectador.
Um curta simples, que não desenvolve bem sua história.
Dona Beatriz Ñsîmba Vita. Catapreta. Ficção. 20’. Minas Gerais. 2024. 12 anos.

Sinopse:
Uma mulher determinada a cumprir a missão divina de criar seu próprio povo, usando uma habilidade peculiar de produzir clones de si mesma. Livremente inspirado na história da heroína congolesa Kimpa Vita.
Comentário:
Um curta animado que sem diálogos e altamente estilizado. Aqui, a protagonista, vai descobrir que a mais que mais de uma dela no mundo.
Com um caráter experimental, que funde ficção científica e o bizarro. O diretor Catapreta, constrói uma narrativa, que faz sua protagonista “Brincar de Deus”, e cada novo acontecimento, nos impressiona.
É impossível prever os acontecimentos do curta, o que faz o espectador mergulhar no universo proposto. Surpresas, reviravoltas e uma história cíclica, marca esse curta excelente.
Todas as memórias que você fez em mim. Pedro Fillipe. Ficção. 19’. Pernambuco. 2024. 10 anos.

Sinopse:
José é um agricultor de 68 anos. Sua rotina divide-se entre cuidar da roça e do seu esposo Luiz, de 71 anos, com Alzheimer. Na rotina e no convívio diários, o casal de idosos compartilha das adversidades da vida até que algo inesperado acontece com José.
Comentário:
Um curta sensível e emocionante. O roteiro é muito bem escrito e a paixão dos personagens são palpáveis, principalmente pela paciência de José com seu esposo Luiz.
Em um flashback, vemos o quanto a memória é importante nas nossas vidas. O que vai ditar a vida dos nossos protagonistas.
E ao final do curta, uma cena é linda e triste. Que é uma metáfora, como se a luz da memória estivesse perdida na escuridão.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem
A bachata do Biônico (La bachata de Biónico). Yoel Morales. Ficção, 80', Cor, República Dominicana, 2024. Première Brasileira. 16 anos.

Sinopse:
Uma visão crua do amor em uma cidade hostil do Caribe, o filme segue um romântico desesperado viciado em crack, que deve assumir o controle de sua vida se quiser se casar com a mulher que ama.
Comentário:
Uma comédia absurda que funciona de maneira quase que perfeita. Em um Documentário/Ficção, conhecemos Biônico, um viciado em drogas, seus amigos, inimigos, sua vida e seu grande amor.
O diretor Yoel Morales, constrói uma narrativa engraçada, e faz piada com tudo. Afronta a moral e não julga nenhum personagem, pelo contrário, se diverte com eles.
O roteiro é dividido em 4 partes e uma edição maluca que encaixa perfeitamente com a narrativa. As atuações são incríveis e o humor é fascinante. Eu me peguei rindo desde simples detalhes a situações absurdas.
Mas quando tudo é piada, não sentimos o drama como deveria ser. A vida de Biônico é uma tragédia, em volta de um humor sarcástico. Somente no final da película, é que vemos o um drama e uma reflexão existencial.
O estilo da Narrativa me lembrou muito ao cineasta Radu Jude, que também é sarcástico e experimental em seus filmes.
Obs. Todos os curtas, sejam da Mostra Olhar do Ceará ou da Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem, que receberam imagens, foram os que mais gostei. Já os longas de todo o Festival, receberam imagens.
Meus Vencedores
Com o Festival terminando e toda Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem e Mostra Ibero-americana de Longa Metragem. Darei meus palpites de quais seriam minhas escolhas para Melhor Curta-metragem Brasileiro e Longa Metragem Brasileiro, em cada categoria, da Competitiva do Cine Ceará.
A Mostra Olhar do Ceará (curta e longa), eu somente vi os curtas disponíveis na Itaú Cultural Play. Mas os meus curtas prediletos foram: O Verbo, de Juliana Craveiro e Lucas Souto, Raposa, de Margot Leitão e João Fontenele, Ponte Metálica, de Felipe Bruno e Wes Maria. E o longa Filhos do Vento, de Euziane Bastos e Rogério Bié, é excelente.
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem:
Melhor Direção: Fenda. Lis Paim.
Melhor Roteiro: Fenda. Lis Paim.
Prêmio da Crítica e Canal Brasil: Dona Beatriz Ñsîmba Vita. Catapreta. Apesar de achar que vai ganhar Cavaram uma cova no meu coração. Ulisses Arthur.
Melhor Curta: Cavaram uma cova no meu coração. Ulisses Arthur. Apesar de achar que vai ganhar Dona Beatriz Ñsîmba Vita. Catapreta.
Mostra Ibero-americana de Longa Metragem:
Melhor Montagem: A bachata do Biônico (La bachata de Biónico). Yoel Morales. Apesar de achar que vai ganhar Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo. Joel Zito Araújo.
Melhor Fotografia: Linda. Mariana Wainstein.
Melhor Direção de Arte: A bachata do Biônico (La bachata de Biónico). Yoel Morales. Apesar de achar que vai ganhar Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo. Joel Zito Araújo.
Prêmio da Crítica: A bachata do Biônico (La bachata de Biónico). Yoel Morales. Apesar de achar que vai ganhar Milonga. Laura González ou EN LA CALIENTE – Contos de um Guerreiro do Reggaeton. Fabien Pisani.
Melhor Roteiro: Um lobo entre os cisnes. Marcos Schechtman e Helena Varvaki. Não me surpreenderia ganhar A bachata do Biônico (La bachata de Biónico). Yoel Morales ou Milonga. Laura González.
Melhor Som: EN LA CALIENTE – Contos de um Guerreiro do Reggaeton. Fabien Pisani.
Melhor Atuação: Dário Grandinetti. Um lobo entre os cisnes. Marcos Schechtman e Helena Varvaki.
Melhor Atuação Principal: Paulina García. Milonga. Laura González.
Melhor Longa-Metragem: Um lobo entre os cisnes. Marcos Schechtman e Helena Varvaki.
Obs. Eu estou colocando os vencedores na manhã do dia 15/11. O anúncio dos vencedores ocorre no mesmo dia à noite. A publicação da cobertura sai 16/11. Vamos ver se acertei alguns premiados.
Obs 2: Eu não sei se essa será a quantidade de prêmios da noite. Talvez tenhamos outras categorias. E obviamente, trata-se de uma Opinião Pessoal.
Sétimo Dia (Encerramento). 15/11
Homenagem:
Gero Camilo

Gero Camilo: Com uma carreira artística iniciada no teatro em 1990, o cearense Gero Camilo é ator, cantor, compositor, diretor, dramaturgo e poeta. No cinema estreou em 2000 no longa “Cronicamente Inviável”, de Sérgio Bianchi. Já no ano seguinte alcançou projeção no cinema com atuações em “Abril Despedaçado”, de Walter Sales, “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky (Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Brasília e no Cine PE), e “Domésticas”, de Nando Olival e Fernando Meirelles. Nos anos seguintes atuou em “Cidade de Deus”, “Madame Satã”, “Narradores de Javé” (Melhor Ator Coadjuvante no Cine PE) e “Carandiru”. Em “Mussum, o Filmis”, de Silvio Guindane, interpretou o conterrâneo Renato Aragão, como Didi.
Fausto Nilo foi o responsável por entregar o Troféu Eusélio Oliveira a Gero Camilo que foi ovacionado pelo público presente.
Encerramento
A Cerimônia de Encerramento contou com a presença de Alexandre Cialdini, que representou o Governador do Ceará. Ele enfatizou a importância da cultura e como o povo Cearense é único e que tem ainda muitas histórias a serem contadas.
Cerimônia de Premiação (Vencedores e Comentários)
Os vencedores da Mostra Olhar do Ceará (O Troféu Mucuripe):
Curta-metragem.
“Raposa”, de Margot Leitão e João Fontenele
O curta foi agraciado pelo Prêmio UNIFOR de Cinema, entregue por Aila Sampaio.
Prêmio de R$ 5 mil para o Melhor Curta-metragem da Mostra Olhar do Ceará eleito pelo Júri Oficial.
Comentário: Fico feliz de ter assistido o vencedor pelo Itaú Cultural Play. Ele estava entre o que mais gostei.
Longa-Metragem.
Antônio Bandeira - O Poeta das Cores”, de Joe Pimentel
Comentário: Não conseguir assistir ao longa. Parabéns pelo Prêmio.
MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM (Troféu Mucuripe):
Prêmio Canal Brasil de Curta-metragem.
“Eu sou um pastor alemão”, de Angelo Defanti, foi vencedor, entregue pela presidenta da ACECCINE, Raiane Ferreira.
Troféu Canal Brasil e prêmio no valor de R$ 15 mil para o curta.
Fico muito feliz que “Eu sou um pastor alemão”, tenha ganho o prêmio. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
Melhor Roteiro.
“Cavaram uma cova no meu coração” de Ulisses Arthur.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
Prêmio da Crítica Abraccine de Melhor Curta-metragem.
“Maputo”, de Lucas Abrahão.
Comentário: Esse me surpreendeu. Parabéns pelo Prêmio.
Melhor Direção.
“Dona Beatriz Ñsîmba Vita” de Catapreta
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
Troféu Samburá - O Povo e Vida & Arte de Melhor Direção.
“Cavaram uma cova no meu coração” de Ulisses Arthur.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
Troféu Samburá - O Povo e Vida & Arte de Melhor Curta-metragem.
“Fenda”, de Lis Paim
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
Melhor Curta-metragem.
“Fenda”, de Lis Paim
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos. Um dos meus curtas preferidos da competitiva.
MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM (Troféu Mucuripe):
Melhor Direção de Arte
“Um lobo entre os cisnes”, para Dina Salem Levy.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Trilha Sonora Original
“Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo”, para o Maestro José Prattes.
Comentário: Eu não sabia dessa categoria. O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Som
“EN LA CALIENTE – Contos de um Guerreiro do Reggaeton”, para Lena Esquenazi, Valeria Mancheva, Jaime Baksht e Michelle Couttolenc.
Comentário: Esse eu acertei. O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Fotografia
“Linda”, para Marcos Hastrup.
Comentário: Esse eu acertei. O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Montagem
“A Bachata do Biônico”, para Yoel Morales e Patrícia Pepen.
Comentário: Esse eu acertei. O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Roteiro
“Milonga”, para Laura González.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Atuação Coadjuvante
Dario Grandinetti, por “Um lobo entre os cisnes”
Comentário: Esse eu acertei. O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Atuação Principal
Matheus Abreu, por “Um lobo entre os cisnes”
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Direção
“EN LA CALIENTE – Contos de um Guerreiro do Reggaeton”, de Fabien Pisani.
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
PRÊMIO DA CRÍTICA – ABRACCINE
Melhor Longa-metragem
“Linda”, de Mariana Wainstein
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Melhor Longa-metragem
“Milonga”, de Laura González.
(Troféu Mucuripe e cheque no valor de R$ 40 mil)
Comentário: O prêmio está em ótimas mãos.
Exibição Especial
Baby. Direção: Marcelo Caetano. Ficção. 106’. Brasil-França-Holanda. 2024. 16 anos.

Sinopse:
Depois de ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington, de 18 anos, se vê sozinho e perdido nas ruas de São Paulo, sem nenhum contato com seus pais e sem recursos para reconstruir sua vida. Encontra Ronaldo, um homem maduro, que o ensina novas formas de sobrevivência. Gradualmente, a relação entre os dois se transforma em uma paixão conflituosa.
Comentário:
O longa de Marcelo Caetano, é um retrato de mundo erótico e ao mesmo tempo envolto em uma narrativa intimista.
Através de Baby (João Pedro Mariano), conhecemos um mundo erótico, enquanto questões não resolvidas do seu passado o atormentam.
O longa retrata a comunidade LGBTQA+, sem julgamentos morais e mostra a realidade de alguns grupos e pessoas.
A jornada da Baby é confusa e cheia de desejos. O roteiro e direção de Caetano é perfeita para alinhar o erotismo e drama.
Outro personagem que deve ser citado é Ronaldo (Ricardo Teodoro), que poderia ser utilizado de uma forma estereotipada, mas na história, se envolve com Baby de maneira íntima e sensível.
A direção é precisa quando quer criar momentos eróticos, de intimidade, traumas, momentos tensos e vários mundos que aborda.
Baby é um excelente longa que merece todos os méritos que vem recebendo.
Final da Cobertura
E chegamos ao fim de mais um Cine Ceará. Agradeço demais ao Festival, a Degágé Comunicação (Em especial a Luana Rodrigues e Sônia Lage), a amigos, meus familiares, a todas as equipes dos curtas e longas do Festival e a você leitor.
Muito Obrigado!
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